Juca Rocha trabalhara bastante para a construção de seu império. Ao longo dos anos tornou-se o coronelzinho de Vargem Grande, interior paulista, mas não deixou que sua posição de destaque na sociedade local invadisse sua vida com luxo. Vida simples, hábitos simples. O dinheiro era poupado. Pode-se dizer que tangenciava o mérito do título de sovina. A única exceção e concessão para a abundância eram quando se tratava da educação dos filhos e netos. Pode-se dizer, que por seu estilo econômico de vida, de certa maneira sua esposa vez em quando assaltava sua carteira e seu cofre, pegando um bloquinho ou outro de notas para a compra de tecidos, rendas e outras pequenas miudezas cobiçadas pelo universo feminino em que vivia.Juca tinha um jeito muito engraçado de ser. À primeira vista era rabugento, mas na verdade não era nada disso. Parecia de fato ser uma criança.Nunca aprendera a dirigir e mesmo assim saía pra todo lado com sua rural. Claro, sempre levava alguém a tira colo para funcionar de espelho retrovisor. Habilitação? Comprara para mera formalidade, pois quando parado pela polícia rodoviária apenas indagava: - Sabe quem eu sou? Juca Rocha! – e a viagem transcorria com relativa tranqüilidade, não fosse a pouca habilidade do condutor.Era um homem bom. Dera emprego e casa a muita gente. Tinha alguns fiéis escudeiros, entre eles: Antonio Rato e Zé da Cruz. Os funcionários pau pra toda obra. O primeiro era o que tratava da criação e o segundo da área madeireira. E ajudaram-no a manter sua fortuna em constante progresso.A vida parecia completa. Em primeira instância pode-se dizer que foi agraciado com cinco filhos e muitos netos, o que tardiamente e nem ele teve conhecimento é que seu império virou uma arena de sujas batalhas.Infelizmente no alto de seus 86 anos, contraiu um câncer de próstata, muito tardiamente diagnosticado e que acabou por levá-lo a morte, fato que até hoje é motivo de intriga familiar, em que seus descendentes se degladiam inescrupulosamente na infeliz tentativa de se apossarem do posto de coronéis, pena não perceberem que essa era já passou.
quarta-feira, 29 de novembro de 2006
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